sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Smile

Quando eu era criança um dia cismei de tocar órgão. Meio sem querer, porque meu pai me deu um teclado de presente e ele chamava aquilo de órgão. Só sei que me matriculei no conservatório e acabei tomando gosto por aquele monstro tão doce de dois andares.
A única música que eu sabia tocar era Smile. E foi com ela que eu fiz a minha primeira e única audição. Meu pai e minha tia Martha na primeira fila com os olhos cheios de lágrimas.
Um dia meu pai me deu uma fita com o Nat King Cole cantando Smile. Não gostei, apesar de ter achado a letra bonita achei que ela encobria o piano, que era supremo para mim. Nesse dia a minha professora que chorou de emoção.
Isso tudo já faz muito tempo, e eu tinha até me esquecido. Até que hoje a noite, e bem no momento que tudo parecia cheio de desesperança, a Madeleine Peyroux sobe no palco e começa o Smile. Era como se meu pai estivesse do meu lado me pedindo para não deixar a peteca cair. Lembrei das aulas de órgão, da minha audição, do piano da casa do meu avô, do meu pai. Desta vez fui eu quem chorei. Um pouco de saudades. Um pouco porque me lembrei de como é bom sorrir.

http://www.youtube.com/watch?v=X-o4Tz7C88s

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