sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Feliz Natal!!!

Londres agora está mais florida! A mais bela de todas está por lá...
Por aqui está tudo ótimo, na espera por um ano novo daqueles ao lado de dois incríveis malucos...
Seus mosqueteiros te esperam por aqui...como sempre de sorriso no rosto, de abraços abertos e com muita vontade de ter você de volta...
Curta muito!
beijo no seu coração!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

London Express

Salut, meus mosqueteiros queridos!!!
Ja instalada em Londres, posso dar minhas impressoes, seguidas das minhas ja saudades...na proxima precisamos vir juntos, tudo aqui tem muito cara de mosqueteiros.
Aqui tem frio e milhares de galerias de arte e lojas descoladas e restaurantes modernetes (tem um que vc sobe no cipo para chegar na mesa).
Hoje vai ter ceia de Natal aqui em casa, made by me, com direito a Veuve Clicot e tudo mais. Puro chique, para compensar a distancia de casa.
No aviao vim ouvindo uma musica da Madeleine Peyroux que dizia assim "if you think time'll change your ways, don't wait too long". Acho que era meio isso que eu queria dizer para vcs nesses dias. Ser feliz agora!! Imperativamente.
Bom, agora vou sair, quem sabe eu encontro a Madonna na rua...rsrsrs

Feliz Natal, meus amores!!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Natal e o Oba Oba

Outro dia estava lendo uma carta que uma menininha de 8 anos mandou para o The Sun, há mais de 100 anos. Ela perguntava aos editores do jornal se era verdade que o Papai Noel existe. Segundo essa menina, os amigos dela da escola começaram a falar que o Papai Noel era uma farsa e que o pai dela a orientou a pesquisar no jornal, porque "se o The Sun escrever é porque é verdade".
O editor do jornal respondeu a carta e o jornal a publicou todos os anos, até o jornal fechar. Na resposta dizia que quem não acredita em Papai Noel é porque se deixou levar pelo ceticismo e pelas coisas feias do mundo. Que ele existe em cada sorriso de cada pessoa, em cada abraço carinhoso, em cada palavra de amor. E que não é porque a gente não o vê que ele não está lá.
Fiquei pensando o que eu queria para esse Natal. Acho que queria recuperar essa crença no mundo mágico e bonito, onde, pelo menos uma vez no ano, a gente se abraça e deixa os problemas e diferenças de lado. Onde a gente sorri só por sorrir, só por estar junto.
Quando eu era criança minha avó contratava um Paipai Noel que se chamava Oba Oba para ir na noite de Natal distribuir os presentes. Aquele momento da chegada do Oba Oba sempre foi para nós um momento mágico. Depois a gente cresceu, minha avó morreu, o Oba Oba morreu, e nós nunca mais tivemos um Natal mágico como aqueles.
Esse ano eu queria recuperar o espírito do Natal que todo ano entrava em casa, pontualmete as nove da noite do dia 24 de dezembro. E queria acreditar, de novo, que tem muita coisa linda nesse mundo, por que vale a pena sorrir e ser feliz.
Espero que nesse ano o Oba Oba passe na casa dos meus mosqueteiros.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Insone

Cinco e meia da manhã e milhões de coisas rodopiando na minha cabeça. Entre tantas coisas urgentes que não têm a menor importância, de novo roubando meu sono e me despertando do meu mundo impalpável tão doce, vim procurar alento aqui.
Pensei nos meus mosqueteiros como meu porto seguro, meu lugarzinho de voltar para o mundo impalpável. Meu espacinho de me indignar com as atrocidades da vida, como o dia que meu amigo chorou.
Tem alguns dias que eu quero pegar a espada da Beatrix, do Kill Bill, e sair degolando todo mundo que machuque a gente.
Hoje não.
Hoje eu só queria ficar aqui nessa paz que vcs me trazem mais um pouquinho. Mais Alice que Beatrix, nesse lugarzinho do outro lado do espelho.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Mais um pouco...Saudade, Clarice Lispector

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

Medo da Eternidade, Clarice Lispector

Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:- Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.- Não acaba nunca, e pronto.- Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.- Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveira haver.- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.- Perder a eternidade? Nunca.O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.- Acabou-se o docinho. E agora?- Agora mastigue para sempre.Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito.Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.Até que não suportei mais, e, atrevessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Mais Madeleine

http://www.youtube.com/watch?v=Pl-cVgAU8K8

Smile - Charles Chaplin

para os meus mosqueteiros

"Smile,Tough your heart is aching
Smile,
Even though it's breaking,
When there are clouds in the sky, you'll get by
If you smile
Through your fears and sorrow, smile
And maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you.
Light up your face with gladness,
Hide ev'ry trace of sadness,
Altho' a tear may be ever so near,
That's the time you must keep on trying,
Smile,
What's the use of crying,
You'll find that life is still worhwhile,
If you just smile."

Smile

Quando eu era criança um dia cismei de tocar órgão. Meio sem querer, porque meu pai me deu um teclado de presente e ele chamava aquilo de órgão. Só sei que me matriculei no conservatório e acabei tomando gosto por aquele monstro tão doce de dois andares.
A única música que eu sabia tocar era Smile. E foi com ela que eu fiz a minha primeira e única audição. Meu pai e minha tia Martha na primeira fila com os olhos cheios de lágrimas.
Um dia meu pai me deu uma fita com o Nat King Cole cantando Smile. Não gostei, apesar de ter achado a letra bonita achei que ela encobria o piano, que era supremo para mim. Nesse dia a minha professora que chorou de emoção.
Isso tudo já faz muito tempo, e eu tinha até me esquecido. Até que hoje a noite, e bem no momento que tudo parecia cheio de desesperança, a Madeleine Peyroux sobe no palco e começa o Smile. Era como se meu pai estivesse do meu lado me pedindo para não deixar a peteca cair. Lembrei das aulas de órgão, da minha audição, do piano da casa do meu avô, do meu pai. Desta vez fui eu quem chorei. Um pouco de saudades. Um pouco porque me lembrei de como é bom sorrir.

http://www.youtube.com/watch?v=X-o4Tz7C88s