Um dia acordou e tudo parecia bom, tão tranquilo que nem percebeu que estava com febre. E, como febre assim não aceita desaforo, foi aumentando até ela perder os sentidos. E daí já não sabia o que fora ou é delírio ou realidade.
Febre, além de desaforada e intermitente, sempre tem um ponto. E dessa vez estava disposta, custasse o que custasse, a evidenciar sua tese. Quanto mais se lutava contra ela, mais ela fincava o pé, travando uma batalha quase desumana com sua hospedeira contrariada. E a mensagem era muito simples, me aceite porque vim para ficar. Abra seus poros e sentidos para o que eu vou te mostrar. Não tenha medo de mim porque eu só vim para te mostrar o que a sua teimosia não te deixa ver. Aceite que comigo, e com um monte de coisas, você não pode, e me deixe levar embora, através do seu suor e das suas lágrimas, o que você não precisa mais carregar. Eu vim limpar esse monte de lixo que você foi juntando aí, e tirar essa poeira cega dos seus olhos e essa cera encrustada nos seus ouvidos. Você vai sofrer porque não consegue aceitar, e ainda se sente presa nessa lucidez irreal que você criou. Agora eu só quero que você pare, e escute um pouco o que você chama de delírio e eu chamo de razão.
Eu não vou embora para te deixar no escuro. De novo.
SHOE-ME TROCA DE LOOK
Há 16 anos
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